Mananciais: alimento e água

Mananciais: alimento e água

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre humanidades, urbanidades e a agricultura

‘Todo dia ela faz tudo sempre igual’. Pela manhã toma café, come pão, queijo, bolo. Uma fruta, cereais, leite. Todo dia acorda e depende da agricultura, que ainda mantém a humanidade viva neste planeta.
Mas vivendo e aprendendo sobre a agricultura – seja ela urbana, periurbana, rural, metropolitana, que seja limpa, boa e justa! – ando me perguntando sobre o ambiente onde ela está inserida: em que solo, em que ar, com qual água, quem somos nós os cultivadores, quem somos nós os comedores?
Se a planta capta CO², libera oxigênio e, no caminho, produz energia alimentar, que tipo de alimento produz quando há tantos outros poluentes além do CO²? E se nossos rios estão tão sujos assim, como estarão nossas plantas, irrigadas ou cultivadas em suas margens?
‘E agora, José?’ É olhar para a Grande São Paulo e, diante das toneladas de gases tóxicos do ar e metais pesados na água, desistir de plantar? Seria mais seguro e sustentável buscar os produtos vindos de bem longe daqui?
Não. Sei que não.
Agora é tempo de olhar para os rios e desejar ver a água limpa. Desejar e intentar fazer: separar o lixo é importante, reutilizar e consumir menos pode ser ainda mais eficiente no controle dos resíduos poluidores de nossa água. Produzir húmus com as cascas de alimentos, restos de frutas e folhas, pode ser a minha gota d’água para apagar o incêndio da floresta. Uma gota. Mas quero fazer a minha parte.
E quero respirar. Diante deste céu cinza de gases, chuva ácida, fumaça de escapamento, plantar pode ser a rosa branca na boca do canhão. É poético, mas ainda não resolve. É preciso agir para despoluir o ar, propor alternativas de energia limpa, transporte coletivo de qualidade, um dia sem carro, dois dias sem carro, todos os dias sem carro!
Porque sustentabilidade envolve a vida toda, inteira, suas várias faces e nossos tantos papéis. Quero comer um alimento vivo e seguro. Quero respirar ar puro, beber água limpa. Quero caminhar de volta pra casa, colher e comer as pitangas da Avenida Sumaré. Quero andar de bicicleta na margem do Rio Pinheiros e achar seu odor muito agradável. E quero, sobretudo, que estas sejam escolhas possíveis para todos os moradores desta metrópole.
Quero, por fim, deixar para a poesia e para a história a ‘feia fumaça que sobe, apagando as estrelas’.
(Texto de Nadiella Monteiro, inspirada pela história da urbanização paulistana e nosso mortal vício rodoviário: http://vimeo.com/14770270)

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